Nabucodonosor
Nabucodonosor Caldéia 622 a.C. a 562 a.C.
Rei da Babilônia (630 a.C. – 562 a.C.). Filho do general e rei Nabopolassar, Nabucodonosor II sobe ao trono em 605 a.C., depois da morte do pai. Transforma a Babilônia em centro cultural e financeiro do mundo antigo. A maior realização de seu reinado é um conjunto arquitetônico para proteger a cidade de invasões.
Ele compreende a Torre de Babel, com 250 metros de altura, os Jardins Suspensos, considerados uma das Sete Maravilhas do Mundo, e um canal de defesa que liga os rios Tigre e Eufrates, a 40 quilômetros da Babilônia, cercado por um muro em toda a sua extensão (o Muro dos Medas, povo da região).
Líder militar de grande energia e crueldade, aniquila os fenícios, derrota os egípcios e obtém a hegemonia no Oriente Médio. Sob seu governo, o Império Babilônico, originalmente restrito à região da Mesopotâmia, entre os rios Tigre e Eufrates, chega ao mar Mediterrâneo, sua extensão máxima.
Em 586 a.C. conquista Jerusalém, na Judéia (atual Israel), e deporta os judeus para a Mesopotâmia, episódio conhecido como a primeira diáspora ou “o cativeiro da Babilônia”. Após sua morte, sem contar com um sucessor com a mesma força, os babilônios caem diante dos exércitos persas de Ciro II, que liberta os judeus.
“No nono ano do reinado de Sedequias, no décimo dia do décimo mês, Nabucodonosor, rei da Babilônia, avançou com toda a sua armada contra Jerusalém…”. É assim que a Bíblia começa a contar, no Livro dos Reis, uma história que se passou em 586 a.C., a conquista do reino de Jerusalém pelos exércitos de Nabucodonosor, a destruição da cidade e do templo, o cativeiro do povo judaico na Babilônia.
Para o povo de Jerusalém, era o exílio e a escravidão. Para Nabucodonosor, uma conquista a mais. Para a história, uma ironia: conquistadores e conquistados, vencedores e oprimidos, ambos eram longínquos descendentes de um mesmo povo, o caldeu, assim como Abraão o era.
Por volta de 3000 a.C., a Caldéia já era um país civilizado. Dividia-se em duas regiões, ocupadas por povos distintos: Sumero ao sul, habitada pelos sumerianos, e Acade ao norte, onde viviam os acadianos (semitas). Entre 2500 e 2000 a.C., chefes semitas fundaram, após guerras encarniçadas, o primeiro império babilônico, cuja capital foi Babilônia, nome que significa “Porta de Deus”. A cidade de Babilônia logo se tornou o centro do comércio entre os povos do Oriente.
O primeiro império da Babilônia atinge seu apogeu durante o reinado de Hamurabi (2100 a.C.) e duzentos anos após, a Caldéia é invadida pelos povos do Norte, como hititas e cassitas, que introduziram o cavalo na Mesopotâmia. Com essas invasões encerra-se o primeiro império babilônico.
Por volta de 1300 a.C. é a vez dos assírios que, de antigos vassalos dos babilônicos, conquistam a Caldéia e formam um novo império. Sob Sargão II (722-705 a.C.). Senaqueribe (705-681) e Assurbanipal (668-626) esse império cresceu tanto, a ponto de icluir quase todo o mundo civilizado da época. Mas o sucesso dos assírios foi menor que sua ambição: os novos territórios anexados fizeram o império inchar tanto que se tornou difícil governá-lo. E quem acabou dando o golpe de morte no império assírio foram justamente os caldeus, os semitas do sul. Chefiados por Nabopolassar, organizaram a insurreição e tomaram Nínive, a capital assíria, em 612 a.C. Era o nascimento do império caldeu, também chamado o segundo império babilônico.
Com a morte de Nabopolassar, assume o poder seu filho Nabucodonosor. Ele tinha um objetivo bem definido: conquistar o que pudesse. Sem perder tempo, organizou o exército e lançou-se mundo afora. Os primeiros a cair foram os egípcios, expulsos da Síria, depois o reino de Jerusalém, Tiro, na Fenícia e grande parte da Arábia. Poderoso e inventivo. A fama de Nabucodonosor não lhe veio apenas por causa de suas façanhas militares, mas também pelas obras que mandou realizar. Por exemplo: ruas pavimentadas com pedras de cal e com paredes revestidas de tijolos azuis polidos. Fez também de sua capital a cidade mais rica do Oriente. Ergueu templos maravilhosos, com estátuas de ouro maciço, edifícios grandiosos e a mais famosa de suas obras: os Jardins Suspensos da Babilônia, desenhados sobre terraços elevados, cobertos de palmeiras e plantas raras. Dizem que foram construídos para matar a saudade que a Rainha Semíramis sentia dos jardins de sua terra.
Tantas eram as riquezas acumuladas por Nabucodonosor na capital do império, que para protegê-las mandou construir uma terceira muralha em volta da cidade. Arqueólogos encontraram naquele local várias pedras com as seguintes inscrições: “Para que nenhum ataque hostil se aproximasse dos muros de Babilônia, fiz algo diferente dos que me precederam. Desejei um terceiro muro ao redor da cidade. Cavei um fosso para ele. Forrei seus lados com asfalto e tijolos cozidos. Ergui uma parede de grande altura em sua borda exterior. Coloquei grandes passagens com portas de madeira decoradas com bronze. E, para humilhar os inimigos, para que eles jamais ousassem assediar o tríplice muro de Babilônia, eu cerquei a cidade com fortes correntes, como as ondas do mar, mas para que não ocorressem enchentes, cavei fossos e os provi de grandes represas de argila cozida”.
Era tanta a sua mania de grandeza, que resolveu reconstruir um grande templo desmoronado de modo que sua parte mais alta “rivalizasse com o céu”, como gostava de dizer. Essa edificação só poderia ser comparada à outra Torre de Babel, pois a base e a altura eram iguais. Foram empregados 58 milhões de tijolos e, no alto da torre mandou erigir um santuário consagrado a seu deus Marduk, representado por uma estátua de ouro, cujo brilho, de tão intenso, era vista a muitos quilômetros de distância. Nabucodonosor acreditava num deus chamado Marduk e quem não se prostasse diante de sua estátua era atirado num forno acesso. Em seus últimos anos de vida ficou demente e comeu grama. E louco morreu em 562 a.C.
Tudo o que existia em Babilônia, em grande parte, se devia a Nabucodonosor através das conquistas militares que tivera. A arquitetura era ponto de referência. O ouro empregado era o mais puro e usado em abundância. “As imagens, o trono, as mesas, tudo era de ouro, escreveu o historiador Heródoto.” A riqueza era muito grande, o poder era mundial, a fama era inigualável; terreno fértil para germinar o diabólico mal do orgulho e da arrogância. Tudo o que tinha conquistado não foi tributado como um presente do Deus do céu. Por isso uma doença fatal atingiu Nabucodonosor durante sete anos até que um dia ele reconheceu quem é o Deus verdadeiro. (Estudaremos mais a frente, qual foi essa doença e qual o elemento que a causou – Daniel 4:34-35).
Nabucodonosor realmente foi um homem privilegiado, pois em muitos momentos recebeu a orientação precisa de Deus. Somos hoje tão ou mais privilegiados que Nabucodonosor. Recebemos, dia após dia, revelações de Deus, não só de Daniel, mas de todos os profetas. O rei recebia orientações apenas de Daniel, nós recebemos de Jeremias, de Ezequiel, e dos demais profetas.
Nabucodonosor morreu em agosto ou setembro de 562 AC e foi sucedido pelo filho, Evil- Merodaque. Depois, Belsazar assumiu o trono. Após o reinado desastroso de Belsazar, o império babilônico caiu nas mãos dos Medos e Persas. O tempo da cabeça de ouro estava passando e um novo império iria dominar o mundo. Nabucodonosor foi o maior de todos os reis, mas os seus sucessores esqueceram do Rei dos reis. A cabeça caiu de uma forma vergonhosa. O que Deus anunciou no ano 603 AC aconteceu no ano 539 AC pela mão dos Medos e Persas.
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